quarta-feira, 27 de maio de 2009

Desapareço

Dissolvo-me, em ácidos ferventes e frios
perco-me numa imensa liquidez transformista de realidades,
perco a forma e a cor, deixo de ser,
fico embutido em paredes rugosas,
que se movem com a vontade alheia,
e me engolem com sofrimento.

Tropeço nas pedras do caminho de areia fina,
são de pó os meus pés, é a minha matéria,
a minha vontade é mais dura que aço ou concreto,
trago na janela posta uma porta blindada,
das mãos faço cilindros
e atiro-me com o rugir de uma coragem que não parece minha...
Dissolvo-me na sociedade,
perco gotas de sangue no silêncio da escada e da estrada,
perco-me nas vielas e encontro-me em janelas furtadas,
espreito luzes e ando em sombras minhas e esquecidas,
mudo com o tempo e sinto na pele a incapacidade de ser sem querer, e de querer sem gritar…
são gritos o que trago no olhar, na boca muda, e no coração...

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