A dança que ninguém vê

Falta-me o ar… ergo-me e sigo cambaleante, com sangue e terra nas mãos, sinto a angustia de não ter.
Hipnotiza-me a cor, continuo a contemplar o seu brilho, fico ofegante, sinto as pernas a cederem à gravidade, e a cabeça a rodar, caio de joelhos e deicho que as minhas lágrimas rolem com liberdade.
Não me culpe!
Você cuspiu em minha cara!
E agora só me resta chorar.
Sentimentos são coisas lindas! Tão lindas que merecem ser expressadas.
Sentimentos são coisas fortes! Tão fortes que não se consegue reprimi-los.
Sinto dentro de mim o ritmo constante desta sintonia, tão belo, tão musical, tão único e só eu!
Sinto dentro de mim! Uma bomba prestes a explodir.
Como faço eu para calar essa dor que grita?
Eu siiinto a necessidade de expresar esse amor!
Mas você não quer ver!
Então vou começar a dançar, a dança que ninguém vê!
Correr livre á acelerar pelas estradas ao sentir a dor lancinate e ver o sangue perdido do coração que você pisou.
120... 140... 160KM/H e contiunuo a tentar aacelerar...
Por baixo dos meus pés sinto a dança cardíaca do asfalto nas rodas do carro.
Bate ao mesmo compasso do meu coração, parece até que eles foram criados juntos, lado a lado.
O dor dentro de mim não me permite digerir o amargo da vida.
Que vontade de chorar, mas já não choro, acabei de enterrar o meu coração.