segunda-feira, 1 de março de 2010

No meu porão

Talvez eu tenha mais defeitos do que todos!
Ninguém vai lá, mais eu começo a descobrir o que tem lá!
É lá que fica! No porão!
Meus maiores males, meus maiores defeitos.
Em um cantinho sem muita poeira, proximo a uma pratileira velha, está ali o fato de hoje eu não viver muito do que eu prego.
Na pratileira, meus troféus de derrota! Estão todos aqui! Desde o sonho que morreu até os amores que me mataram.
Perto da escada que da lá pra cima, tem a minha falta de persistencia e de ladinho a minha grande capacidade de machucar as pessoas que tentam me consolar quando estou triste com alguma coisa.
Um pouco mais no fundo, naquela parte mais escura, estão os meus desejos mais podres e nojentos que na verdade me são deliciosos e agradáveis aos olhos de minha carne.
Jogado em outro canto, de onde vem o fedor mais intenso que já conheci, está a minha raiva de mim mesmo e que sempre toma conta quando me frusto com alguma coisa que não deu certo pra mim.
Entre meio aquele buraco de ratos e as caixas vazias que eram para guardar os amores que ganhei, lindos como se tivesse sido feitos a mão, estão minha coleção de "medecepicioneicomvoce" e "euesperavamaisdevoce"! São tantos que já nem dá mais pra contar! Sempre tenho alguém que me ajuda a aumentar essa coleção.
São poucos esses, dentre os muitos que eu poderia passar a noite inteira e talvez ainda me faltaria tempo pra falar, do que ando encontrando no meu porão.
Mas dentre todos eles, bem lá no meio, naquele lugar onde bate a luz que vem lá de cima quando se abre a porta, tem a coisa mais curiosa, mais triste, mais espantosa e decepcionante que existe no porão.
Algo que mexe comigo e faz remecher tudo que tem dentro do porão.
Socorro! Só de falar minha pressão já começa a subir!
As minhas lágrimas em meus olhos não conseguem se contem e correm pelo meu rosto rumo ao chão!
Socorro! Alguém, por favor! Chame o médico!
Sabe oque eu encontro nesse lugar no meu porão?
Aquilo de que eu mais tenho raiva no mundo!
Sentado em um trono feito de cadeira de buteco, com as mais finas vestes de trapos nojentos e uma coroa de papelão velho, escrita com letras feitas com giz de cera "Perdedor", com um cetro de escovinha de limpar vazo e sem ânimo para sair dalí, está um monstro que se chama "eu", reinando sobre o porão e ao mesmo tempo sendo escravo dele!

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